São escassas as vezes em que, agora, escrevo pequenos excertos de histórias ou meros recados dirigidos a alguém desconhecido, sem nome, sem identidade, sem morada de destinatário. Não é que veja desnecessidade de eliminar mágoas e fantasmas que sobressaltam, diariamente, no meu intimo. Simplesmente não o faço. Recorri, ultimamente, ao "falar para as paredes".
Acho que elas me ouvem, mesmo sem uma única resposta darem. Mesmo sem manifestações de raiva, de medo ou de pré-aviso. São silenciosas, são calmas e frias. Por vezes é disto que precisamos: alguém que nos escute, que apenas ouça os nossos desabafos sem fim, sem dizer uma palavra, que seja frio o suficiente, que seja forte a valer, que esteja lá, mesmo que em silêncio, mas que esteja, de corpo presente, mesmo que silencioso. Alguém que não apresente criticas ou juízos de valor, alguém que apenas oiça o que nos vai na alma e no coração. Só isso, alguém. Nem que seja mesmo só uma parede fria!