8 de março de 2016

ser mulher



Sou mulher, sou e sempre tive muito orgulho em o ser. 
Nunca olhei para um homem e me senti inferior. Pelo contrário, cresci no meio dos rapazes, joguei à bola, corri no recreio e gostava de carrinhos. Sempre preferi o subir às árvores às barbies, apesar de ter uma prateleira cheia delas. Nunca fui a típica menina que se preocupa com a maquilhagem, com os vestidos, se a mala é o mesmo tom dos sapatos, em aprender a cozinhar e a costurar. Sempre fui o género que vestia a primeira camisola que aparecesse, umas calças de ganga e que saía de casa de puxinho sem se preocupar se o "príncipe encantado" ia aparecer logo ali. E, se ele aparece ainda melhor, porque ia ver exatamente como sou e teria de me aceitar assim. 
Envolvi-me sempre em projetos em que os homens eram "os lideres"... mas verdade seja dita que nunca os olhei de tal forma... nunca senti que eram melhores do que eu... talvez porque sempre me afirmei e tomei uma posição... ou porque eles eram homens de carácter e sabiam ocupar o seu lugar... 
Cresci na politica, cresci a nível profissional, fiz coisas, desenvolvi projetos...meti-me sempre em tudo o que me era possível e imaginável. Defendi os meus direitos sempre (sem nunca esquecer os deveres que me competiam) e com apenas 24 anos considero que tenho um curriculum de que me orgulho e bom para a minha idade. Mas tudo o que fiz foi lutar por mim. 

Peço desculpa de todas as minhas imprevisibilidades, da minha frontalidade (por vezes demasiada), da minha saudável ansiedade e da minha grande ambição. Peço desculpa a todos aqueles que tentaram passar por cima de mim e a quem nunca o permiti. Sou inovadora, destemida, por vezes louca, por vezes imatura (mas muito madura ao mesmo tempo), corro riscos e meço consequências. Não tenho medo do perigo, mas preciso sempre do abraço no momento certo para me amparar a queda. Corro atrás dos sonhos e luto pelos meus objectivos. Proponho metas a mim própria. Derrubo as barreias que aparecem e não baixo os braços. Não iludo e acima de tudo não me deixo iludir. A vida para mim nunca teve o tom rosa. Não permito que me magoem. Sei saltar fora quando não me me encaixo. Sei dizer que não quando não quero. Confronto quando não acredito. Não me calo (e talvez por isso às vezes sinta na pele a discriminação da diferença). 
Cresci, num mundo de desigualdades, evidenciando sempre a minha visão de igualdade perante o outro. Nunca olhei um homem como diferente (talvez por isso a minha lista de amigos seja mais masculina, mas as mulheres que dela fazem parte são poderosos exemplos). 
Nunca me considerei feminista... nunca tive paciência e sempre tive pavor aos extremismos, radicalismos e "terrorismos", a que muitas pessoas apelidam de "defender os seus direitos". Talvez porque nunca tenha sentido os meus direitos negligenciados ou talvez porque sempre enfrentei as situações de igual para igual, tal como elas são, fosse um homem ou uma mulher. 
Dou valor às luta que as mulheres travaram no passado, porque sem elas muito provavelmente eu não seria quem sou hoje e não olhava desta forma para o mundo. 
Mas, não vamos culpar os homens quando a culpa não é deles. A culpa é da sociedade em que crescemos que sempre lhes deu mais asas para voar, mais estatuto, mais poder e mais dinheiro ao final do mês. 
Não me digam que as mulheres não são capazes! Porque não está em causa o ser mulher... está em causa a personalidade, a capacidade, a independência, a liberdade, a competência, a esperança, o profissionalismo, a estabilidade, os valores e a educação.
Quando a mentalidade mudar, talvez os géneros deixem de ser desiguais. 

A todas as mulheres lindas, maravilhosas e poderosas que conheço. Às mulheres que levantam a cabeça todos os dias e olham de igual para igual para o outro. A todas aquelas mulheres que acreditam nelas e têm consciência de quem são e do seu valor. Porque não é uma questão de géneros, mas sim uma questão de mentalidades! 

E, que para a mulher o seu dia não seja apenas o 8 de março, mas todos os da sua vida. 

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